Monthly Archives: May 2020

formigão satisfação

tomboy
num é playboy
só boy magia
stone bucth blues
metia
ginofagia
não é bluesman
é bluesdyke
tipo moonlight
sofrimento
xingamento
urra
koisa obskura
pekado nefando
inefável
infecção kolonial
não afável
só ke não
é presente ancestral
litera rua
litera eskura
rimando
sonhando amando
fudendo
kongênito
meu gênio
eu nasci lesbika
mas tive ke aprender a ser
ker dizer
tô aprendendo
gênero
refaço nos pano
nos plano
desfaço kuando kaco
em buska do enlaço
mulher homem
meu nome
da pá virada
eta kapoeiragem da nada
vadiagem
abraça
kem tem kor age
maria sapatão
de dia é
maria de noite é João
minha kara
mas pá uma par não
tem sapa ke reivindika
a mulheridade
sem problema
no brejo tem diversidade
konfundindo o cistema
boys dont cry
é outros 500
mas tbm me identifiko karai
drag king
é eu mesmo
não a esmo
no dia a dia
formigão
satisfação
uma ficção uma fricção
sem facção
um romance
uma performance um personagem
um ator
estrelando sabotagem
pertinho da estação Carandiru
todo sapatão preto é exu
o invasor
da heteronorma sou o terror
o ke mais pode ser
um nerd
se não
das rimas das fantasias
das geografias das poesias
buskando o bem viver
o ke mais pode ser
um boy de favela
pela mamãe
ninado
mimado
muito amado
falo giria errado
mas moro dentro dela
atura ou surta
não não furta
Só konhecimento
pra não ser komo uma folha ao relento
ou detento
hamburger do Burguer King
100 por cento vegetal
koisa e tal
ilude
rebel whooper
parece karne
mas legal é não parecer karne
sou mais
os vegetais
ainda prefiro a Rebel girl
mesmo sendo White riot grrrl
mas seu beijo tem gosto de revolução
pensamento são
y salvo
salve
sxe SP
pode kre
é sub kultura
musikal
Só ke também postura
individual
no meio do entorpecente kapital
auto preservação
auto amor sapatão
8 anos sóbrio
não ébrio
nesse mundo sombrio
muito brio
lúcido
meu
sou eu kontra esse mundo hostil
lembrei da treta
dos kings
bando di machista
sai zika
pode rir mas não desacredita
shakespeare dramatiza
lady macabeth regicida
úniko king ke salva
é o martin
pastor
pacifista
pela amor
militante miliano
gandiano
lutou por direitos civis
mudando a vida dos irmão no mundo jao
porke aki é Atlântico negro
o movimento negro
é trans
movimento é transnacional
identidade literária musikal
internacional
nesse cena
rokista
punk mesmo Só se for
punk de butique
uma par de mina chike
fiko em choke
entra em cheque
a koerência
não tá batendo
na konvivência
kurto albuns
alguns
sons
muito bons
embalam meus sábados
bandas
batukes de bambas
hard kore samba
de roda punk
pós punk
marakatu koko
jongo
ce tá loko
me tirando porke
eu não sou musicista
não sou musicista
não sou musicista
sou ativista
das letra
da kausa preta
antirracista
pró feminista
desde pekenin
tinha um anin
já falava
as palavra certin
veja
na praia muita inveja
deu kebranto
na kebrada Dona Santa
do kagohara
sem kobrar 1 konto
benzedeira
kom água Arruda y reza
kurou
minha kaganeira
por isso tenho fé
assim ki é
okê kaboklo
bença vovo
Ô
bixo do mato
baiano nato
kultura de plantas
kultuo plantas
verde não devaste
investe
não na peste
nas mentes
nas sementes
krioulas
nas doulas
lá vem o erê
já kero brinkar angola kom você
posso brindar
agora
sua existência
a kilombagem kontinua resistência
viu
vou ser titio
não keremos
mudanças klimátikas
y autoridades problemáticas
mas veremos
greta tumberg
deu o alerta
salve as florestas
ou derreteram os icebergs
gratidão
por akordar vivão
kontemplar o céu azul
da zona sul
alimento de vegetais
mais e mais
auto kuidado
é afro kuirdado
alimento Organiko
não é frescura
é buska pela kura
não entra em pânico
mas kerem genocídio
por meio de nutricídio
no pankadão
eu tava komo
komo Komo Komo
tipo igual akele som
parado no bailão
da hora
desejando aurora
na beira do mar
celebrar
kantigas
funk é da antiga
batida dos kouro
kongo de ouro
rimas decoro
as vezes choro
porke não konsigo kalar
a dor
as vezes choro
porke não konsigo falar
moro
mas aí
fi
nem a fobia social
nem ser antissocial
fez eu me afastar
posso atestar
kurta
em pernas curtas
komprimidas
kumprida
minha missão
litera eskura
da sul
pro mundão 

por formigão

eu-sapatão: eskrevivência sobre maskulinidade y desafio ao poder

essas ideia ke eu to jogando no vento é fruto de uma vivência. Isso aki é uma necessidade de kebrar o silêncio sobre minha ideia de maskulinidade. nessas linhas vou falar da minha vida pessoal porke o pessoal é polítiko né pai. desde já deixo eskurecido ke reivindiko a estétika maskulina komo expressão sapatão mas não fecho kom a maskulinidade hegemônika porke ela expressa ódio as mulheres.
eu entendo maskulinidade de vários jeito um deles vem da ideia das lésbika feminista maskulinidade komo um instrumento de poder do homem sobre as mulheres. entendo maskulinidade komo performance e entendo maskulinidade komo estétika. maskulinidade komo instrumento de poder é a diferença na edukação maskulina da edukação feminina ke submete as mina. maskulinidade komo performance é parte dessa sociabilidade ke é imposto pra meninos e também é um ritual ke é reafirmado todo dia kom outros karas no boteko, no kampo de futebol e etc. já a estétika é o visual ke dizem ke é visual de homem komprado nas lojas de secção maskulina.
desde pekenin sempre kurti visual de homem. eu pegava o blaizer e as gravata do meu pai e fikava falando olhando pro espelho e falando só brinkando de imitar um jornalista da televisão. Não me tornei jornalista, mas kontinuo jogando palavra no vento na frente do espelho agora kom minha própria kamisa de botão. também kontinuo mil devaneios só ke agora aposto toda minha utopia na poesia preta di kebrada y sapatão.
tomboy ou melhor komo se dizia na rua y na eskola muleke macho ou maria homem. Um jeito zombateiro pra se referir a meninas maskulinas. eu era assim gostava de jogar bola, brinkar de lutinha, kabra cega, pião, bolinha de gude, bater tazo, kolecionar tazo, jogar baralho, soltar pipa era raro mas rolava às vezes, radikalmente descia o ladeirão da rua da feira de patins, andar de patinete, andar de bike. andar de bike eu ando até hoje isso aí foi mamãe ke me deu minha primeira bike azul e me ensinou a pedalar hoje eu ando pra me lokomover rolê ke reaprendi kom us punk.
desde sempre eu sabia ke não era um menino mas me sentia igual todo a mundo, sabia da diferença da biologia mas me sentia igual, kom potência igual kom beleza igual kom inteligência igual. Sempre kurti o rolê tomboy de visual e o rolê das brinkadeiras ke os mulekes manjavam porke era mais divertido estimulava a ação y imaginação. desde de pekeninin tento bular as leis do gênero e fazer meu rolê mas os pé de breke atrasa lado sempre tentou me tirar. desde de sempre keria fazer o rolê kom os meninos mas eles pilantrou. estupro aos 5 ou 6 ano fez eu perceber ke tinha uma koisa errada o jack mirim fez eu akreditar ke eu ke tava no erro estupro e kulpabilização foi minha primeira lembrança de sexismo.
daí pra frente fui me aproximando das meninas também as brinkadeiras delas eram chatas (sempre deixei minhas barbie kareka e lógiko ke minhas barbie era sapatão) mas elas me tratavam bem a amizade das meninas valia ouro era intensa era afetiva era as vezes atrativa. além da “banheira do gugu”, foi brinkando de kasinha (eu era o papai) ke percebi ke eu sentia desejo pelas meninas.
depois do estupro lembro ke fui inkorporando a feminilidade estétika e komportamental ke as minhas mais velhas impunham. Ai kuando me dei konta a feminilidade tava toda expressada por mim porke eu keria eskonder ke era um sapatão. Já 100 por cento uma punk feminina (não feminista u punk feminista veio depois) de formação ainda me aproximei do rolê dos macho di novo por kausa de som de rock. Us rokeiro sempre trokou ideia komigo sobre músika, polítika y kultura só ke nessas fui percebendo ke eles não me tratava komo igual. rolava assédio ou inferiorização da minha intelectualidade. aí rompi kom eles pelo deboche y desrespeito ke eles tinha da experiência feminina.
depois dessa meu terceiro bonde kom macho era kom os viado. dava tanto pião kom as mona ke elas me chamava de bicha também era uma honra ser konsiderado por umas bicha igual elas. era da hora kurtia muito meus amigo viado tava kom eles direto eram parceiros firmeza pro lado bom y ruim da vida. mas elas dava umas mankada de reproduzir misoginia eles me zuavam porke eu não keria mais me depilar, porke eu keria ser kareka. kuando eu komecei a me maskulinizar achei ke o machismo foi pior. senti ke tavam me kobrando pra ser komo os homens aí não konseguia mais konfiar.
dei muito rolê nos sarau do extremo sul da zona sul de SP minha eskola literária só konheço literatura negra hoje por kausa da literatura marginal y periférika. sou insociável tenho muita difikuldade de falar kom as pessoas y manter kontato akabei nem konhecendo muita gente nessa cena mesmo kolando desde os 16. passei minha adolescência entre vinicius de moraes e sérgio vaz depois entre racionais y akins kinte. no sarau kurtia mais us goró (antes era junkie) mas em kasa não faltava castro alves mesmo preferindo o espumas flutuantes vou sempre tá lembrando helber ladislau iniciar seu recital do ‘o navio negreiro’:“era um sonho dantesko o tombadilho (…) tinir de ferro estalar de açoite legiões de homens negros komo a noite horrendos a dançar.” denúncia poétika do sékulo XIX ke marka minha paixão pela literatura y oralidade e da aporte pra kompreender o passado kolonial e o presente racista.
nesse rolê di kebrada poétika memo antissocial extremo fiz umas ligações konheci uns poetinha. tinha um malokeiro kachaceiro y rimador nato era uma pessoa muito gentil kom a minha pessoa ai noiz brigamo depois disso o maluko deu em cima de mim sabendo ke sou sapatão não aceito isso jão. outra situação chata ke eu passei no sarau foi um mano do rap ke veio me intimar se eu sou homem ou se eu sou mulher só porke eu raspo meu kabelo. sei ke até hoje eu sinto medo de kolar no rolê desse kara de bombeta e bermuda larga. teve um rapaz também ke fez uma poesia erótika e veio recitar ela pra mim kuando eu fui ver o bagui tinha um eu líriko lésbiko achei zuado essa fita ai mas kritika literária é outro texto.
na rua teve várias situação ruim ke eu passei mas a ke mais markou minha memória foi no dia ke eu tava no metrô brigadeiro pra rekarregar meu bilhete único aí atrás de mim tinha um kara e uma mina eles fikaram me enkarando e depois komecaram a rir muito e dizer nossa achei ke era homem mas é sapatão é tenho tanto orgulho de ser sapatão ke fikei muito kontente de ser rekonhecido komo um sapatão mas depois percebi ke eles tava zombando de mim por eu não ser homem ser apenas um sapatão.
nesses anos todos de tentativa de fazer parte da patota dos homens cis y viados eu não aprendi a falar igual eles não aprendi a falar na gíria e é lógiko ke isso é um dos porkê eles não fecham komigo. isso dai foi me deixando kom muita insegurança pra falar a ponto de minha voz travar e eu não kerer mais falar na maioria das situações. esse bagui do silenciamento é tão forte e tão pesado ke meu korpo ta kobrando um posicionamento muitos dias minha garganta não para de doer.
sempre tentei me inserir no rolê da maskulinidade preta y periférika porke é minha kara é meu desejo meu visual minha estétika desde de pekeninin e eu ainda kontinuo pekeninin. mas os boy cis lixo sempre me barrou. semprei tentei fazer parte do bolinho seja dos mulekes na família, os muleke da rua, us rokeiro da eskola, os viado, us poeta, us kara do rap. não acesso a maskulinidade deles porke não sei falar na gíria. mas não acesso a maskulinidade deles por kausa de violência sexual, violência físika, violência simbólika, violência patrimonial, violência psikológika. violência patriarkal memo sendo o patriarkado da pobreza ainda sim tem um pekeno poder.
uns tempo atrás levei a krush em kasa noiz tava kozinhando na kozinha e meu pai tava junto lavando a louça. meu pai gosta muito de kontar piada pra dar risada ai ele disse ke sentia saudade de mim porke hoje eu moro longe ke minha mãe também sente saudade e ke kuando ele ker lembrar de mim assisti uma cena de humor da “praça é nossa” kom o personagem chamado “sangue” ke mostra uma atriz ke usa roupa de homem e tenta imitar o komportamento maskulino a piada é justamente essa ela ser um sapatão maskulino malokeiro. na hora ke meu pai veio kom essas ideia a krush riu e disse ke meu pai é muito engraçado. eu disse ke isso era zuado ke era lesbofobia era lesbo ódio kom a aparência de humor/amor.
kem fortaleceu minha kaminhada pra eu kolokar as roupas ke eu kero foi kom as lésbikas feministas. as lésbikas feministas nunka ridikularizaram minhas roupas pelo kontrário sempre mostraram muito respeito pela minha eskolha. foi kom as lésbikas feministas ke eu aprendi a enfrentar meu medo e seguir em frente independente de não tá no padrão dos homens. fiz meu visual por orgulho sapatão.
eu tive ke meter o loko pra por meu visual, minha bombeta y roupa larga não é autorizado pelos macho até hoje eles me intima eles ri de mim eles me intimida eles me tira de viado porke eu não sei os kódigos de linguagem ke eles inventaram. hoje um kara preto e fez eu me sentir mal porke não sei falar na gíria riu de mim komo vários outros karas já riram. voltei pra kasa kom vontade de nunka mais falar uma palavra, me sentindo imbecil y pensado putz ele tem razão sua maskulinidade é um resultado de forças ancestrais ke fizeram ele chegar até aki é um sistema de linguagem komo a gíria é parte dessa forma de sobrevivência. pensei seriamente várias vezes em abandonar meu visual por kausa disso daí.
mas não tem komo porke meu visual mesmo ke não representa a sua maskulinidade periférika y preta meu visual representa eu. representa meu desejo sapatão ke tentaram kalar kom estupro. representa meu fascínio kom a estétika de homem ke desde pivete tentava imitar.
mais do ke uma imitação, meu visual é minha ação direta meu visual é kontra hegemôniko tanto do cistema patriarkal branko komo é kontra hegemôniko da maskulinidade preta y periférika kuando é tóxika. sou a margem da maskulinidade marginal. minha eskrita também faz parte dessas resistência por super vivência tem muitas palavra da oralidade periférika inserida aki e em outras letra isso não é a toa é uma disputa de narrativa. a ideia não é tirar ninguém mas é sim konstruir um lugar pra eu existir no meio também do não-lugar ke a kebrada me oferta.
mais do ke isso visual por celebração da minha estétika maskulina, mais do ke falar gíria errado komo forma de tentativa de komunikação, de sobreviência e konstrução de um lugar. a únika gíria di favela ke eu sei é a palavra sapatão y meu visual é meu jeito de kontar pras mulheres ke eu sou amante de mulheres.

por formiga

rolê kom p (título provisório)

punho protesto porventura preta próxima próspera palavreira papo poder plantas pensadora preferiada peixes preciosa pretendida prosa palavra preliminar prelúdio prefácio pekarar paraíba paloso pano pedido paladar presente partilha passiva princesa pelada partilha proativo passarinha pomo pandeiro paixão palavreado papariko poesia papiro potência plenitude panaceia palpite presságio paura pé pode pá pleonasmo perplexo preterimento perspectiva pretendia par peso posicionamento punk pessimista peba pala palavreia palavrão porra palavreador palavra perigosa praguejador paga pau pelica pena percebi perdi partiu partindo peito persisti platônico poeta possessivo panfletário posfácio palavroso pelaamô pensa prestanção patuá papaia pão padê patê pepino pino pinakoteka pedalar papagaio perikito perkussão paranaguá parafrasear panfletar praia paranauê paraná paraná

por formiga

(sem título)

paraíba maskulina
não feminina
mulher macho
não sou kapacho
maria joão
não é não
maria josé
bota fé
faça tudo ke kiser
só não maltrate
o koração dessa mulher
machorra
pike rotezora
ação direta até umas hora
stone butch
seu korte chave underkut
dyke pedalando a bike
enfrentando a hetero rua
no sol ou na luz da lua
virago
faz estrago
no patriarkado
vai vendo ó
mona okó
até no pajubá
noiz tem ke tá
invertida
aki num tem metida
a ideia é reverter
a lógika do poder
100 por cento fanchona
me tiram de machona
bofinho de kabelo raspadinho
sargento
não me kontento
sou antimilitarista
mas ta ai na lista
é tudo sapatão
jão
kamuflando pra se defender
ser invisível
pro sistema
o eskema
ser visível
pras gata
um salve rapa
a toda komunidade sapa

por formiga

sem título

muita braveza
leveza só nas piada
machão muita macheza
abandono
dono
da mulher e das kria
kachaça cerveja
veja
boteko
baralho jogo
karalho
maskulinidade
pra firmar
a heterossexualidade
pra rimar
kabaré
katingueiro
divida
dividindo uma família
mudando a trilha
memo assim
é sangue
do meu sangue
não é gangue
é konexao kom os mais antigo
rekuperar o saber perdido
a kabokla disse
e eu repito
e força vem de traz
então noiz trás
a memória de uns dia
eu sou um pedaço do meu pai
meu pai é um pedaço do pai dele
saber kem é meu velho
e o koroa do meu koroa
é saber ke eu sou
pro
meu lado ruim
pra não aflorar
pedir pro anjo de guarda guardar
os ponto positivo
manter vivo
passando pra frente
o lado bom dos antigo da gente
bom humor
boemia
inteligência no dia a dia
boas palavras
palavras molhadas
terra lavrada

dias dos pais por formiga