Monthly Archives: March 2016

Ensaios de um formicídio

1° de novembro de 2014
fiz uma prece em forma de verso
agradecendo as força o universo ke me manteve di pé
kuase morri muitas vezez
na mão do meu pai
na mão da polícia
entregue as droga
vida de briga muito desentendimento
só uma força maior pode explikar
eu ser vivente até os 25
nesse dia ai tava na disposição de tirar minha vida kortando meu pesokoço
mas ai um vozinha de menina arrankou a tristeza de mim
nakele minuto
akele novembro negro
foi igual a todos ke já passou
na minha vida solitário e instrospectivo
a ideia era fixa: morrer
no 20 tentei me enforkar
no ACEPUSP ai a Marcha passou e eu segui ela
A Júlia leu me mapa astral
disse ke pela hora e dia ke eu nasci
tenho u dom da komunikação
e ke essa missão é expressa em forma de poesia
ki loko isso ne meu
komo é ki pode se eu não konsigo falar kom as pessoa direito
meu desisti de tentar porke kuando
eu falo da ruptura
ai fiko na minha
ela falou também ke no mapa astral ta indikando
a necesidade de kura emocional
nesse dia foi foda
tava mal
falei dos meus lamento da vida só ke ela fikou brava
e disse um bagulio ke eu achei klassista
não tinha komo ser diferente essa treta é ancestral
ta ligado kuando u santo não bate
apesar kor da miscigenação negra e indígena
do não lugar etniko do apagamento racial
do tambor da arte da lesbianidade
a klasse social dela da privilégio
dizem ke dor de amor não mata
ai não sei mana
mas falta de amor doi
e o vazio korroi
Dezembro de 2015 também tive vontade
de não existir mais
ai fikei na kasa de uma mina ai pra ver se passava a vontade
dai ela me mostrou u baralho das deusas
só olhei fikei feliz ke tinha
deusas indígenas
até akabei sonhando kom a Pachamama nakela noite
essa karta ker dizer kura
Março de 2016
não konsegui parar de chorar no feriado
aproveitei a solidão da kasa para me odiar mais intimamente
acho ke já morri
parece ke seu eu chegar perto de alguém vou machukar
meu berimbau já não ekoa
tambor não tem mais
e a poesia é só um desabafo ke guardo na gaveta
não move literatura e revolução
nas kebrada
sem raiz
eu já morri

POR FORMIGA

NÃO É NÃO JÃO!

Salve

É sobre Kapão Pekado

kem ta falando é FORMIGA esse dia eu li o tão famoso klássiko da nossa literatura marginal o Kapão Pekado do Ferrez. Do trampo do Ferrez só konheço Kronista de um Tempo Ruim e o Kapão Pekado, mas tô sabendo ke o Ferrez é um dos grande da nossa literatura marginal. Independente de num ter konhecimento da obra literária toda du kara, eu sou lésbika então tenho minha visão feminista do mundão. Memo assim a proposta aki é fazer um krítika feminista a obra, tem uma mana do Fala Guerreira ke já pegou a missão falar o ke não gosta no Kapão Pekado só ke eu eskrevi a minha porke tenho outras ideia pra akrescentar. A ideia central da obra de ficção é um de rapaz ke se apaixona pela namorada do melhor amigo e ke isso dai é ke é um pekado. Texto deixa isso bem exposto na frase ke diz ke tipo assim ke aliado se pagar a mina de outro kara é finado. Isso dai é uma kultura onde homem é mais do ke mulher ke trata as mulheres komo propriedade do homem, isso dai é bastante komum ouvir no rap e komo uma lei de kebrada. A representação de mulher Kapão Pekado é a mesma ou é a mãe kuidadora, ou a mina do kara ou a “mulher vulgar”. Essa ideia de mulher periférika me revolta porke a mulher só é alguém em relação ao homem, por isso, ke numa sociedade ke tudo gira ao redor do pinto se nomear lésbika: amar quem tem vagina numa sociedade ke odeia kem tem vagina e kriar sua própria kontra kultura é kestão de amor próprio, resistência, super vivencia e saúde mental. Mas o ke me dexou em choke memo no texto foi a cena as cenas de estupro, na primeira vez ke o kara deskreve sexo entre o kara e a mina principal do Kapão Pekado eles tem um sexo hetero e em um momento o kara ker ke a mina faça sexo oral nele ela se rekusa e ele insiste. A segunda cena é mais eskrota ainda: um homem vê uma mina dormindo, por kausa do cheiro de kachaça sabe ke ela ta bêbada e faz sexo kom ela dormindo. E a última cena é um sexo hetero entre os personagens principais de novo ke a o kara ker fazer sexo anal a mulher não ker ele insiste e penetra ela a força e o autor ainda eskreve depois ela akaba kurtindo. Essa ideia lançada no texto é zuada porke não é não jão. Sexo pra agradar alguém, sexo sem vontade, sexo forçado não é sexo. Sexo é enkotro de desejos. Kuando a mulher não da licença pra tokar o korpo dela então é abuso violência sexual é estupro. O Ferrez ta ligado o konceito de machismo ele até cita no próprio Kapão Pekado. É zuado porke se não fala ke isso dai é violência kontra a mulher fika subentendido ke tudo bem ke é normal mexer no korpo da mulher sem ela kerer e não é normal. A Literatura Marginal assim komo o rap é linha di frente na kestão revolta kontra os boy mas na kestão da mulher é senso komum pensa igual o patrão e o padrão do sistema du macho alfa. Muitas vezes a mulher periférika dormi kom seu próprio inimigo e as letras e o som das periferia não relata essa real. Homem nenhum por mais ke seja du povo não vai deixar de kerer seus benefícios de homem pra ajudar as irmã. Então é as mina , as mana, as tia e as sapa ke tem ke se revoltar kontra essa situação .
Sem mais
FORMIGA agradece.