Ensaios de um formicídio

1° de novembro de 2014
fiz uma prece em forma de verso
agradecendo as força o universo ke me manteve di pé
kuase morri muitas vezez
na mão do meu pai
na mão da polícia
entregue as droga
vida de briga muito desentendimento
só uma força maior pode explikar
eu ser vivente até os 25
nesse dia ai tava na disposição de tirar minha vida kortando meu pesokoço
mas ai um vozinha de menina arrankou a tristeza de mim
nakele minuto
akele novembro negro
foi igual a todos ke já passou
na minha vida solitário e instrospectivo
a ideia era fixa: morrer
no 20 tentei me enforkar
no ACEPUSP ai a Marcha passou e eu segui ela
A Júlia leu me mapa astral
disse ke pela hora e dia ke eu nasci
tenho u dom da komunikação
e ke essa missão é expressa em forma de poesia
ki loko isso ne meu
komo é ki pode se eu não konsigo falar kom as pessoa direito
meu desisti de tentar porke kuando
eu falo da ruptura
ai fiko na minha
ela falou também ke no mapa astral ta indikando
a necesidade de kura emocional
nesse dia foi foda
tava mal
falei dos meus lamento da vida só ke ela fikou brava
e disse um bagulio ke eu achei klassista
não tinha komo ser diferente essa treta é ancestral
ta ligado kuando u santo não bate
apesar kor da miscigenação negra e indígena
do não lugar etniko do apagamento racial
do tambor da arte da lesbianidade
a klasse social dela da privilégio
dizem ke dor de amor não mata
ai não sei mana
mas falta de amor doi
e o vazio korroi
Dezembro de 2015 também tive vontade
de não existir mais
ai fikei na kasa de uma mina ai pra ver se passava a vontade
dai ela me mostrou u baralho das deusas
só olhei fikei feliz ke tinha
deusas indígenas
até akabei sonhando kom a Pachamama nakela noite
essa karta ker dizer kura
Março de 2016
não konsegui parar de chorar no feriado
aproveitei a solidão da kasa para me odiar mais intimamente
acho ke já morri
parece ke seu eu chegar perto de alguém vou machukar
meu berimbau já não ekoa
tambor não tem mais
e a poesia é só um desabafo ke guardo na gaveta
não move literatura e revolução
nas kebrada
sem raiz
eu já morri

POR FORMIGA