Author Archives: FORMIGA

Patriarkado kom M

matrizes monetárias

masmorra mais-valia

mesmas maneiras

matrimônio (7x) maternidade

monogamia

monotonia

monoteísta

machucam mudas mudas morimbundas

mortifikadas

mordaças (7x) mantém

makro poder

maioria magoada minimizada

mekanismos meskinhos

monitoriam manikômios

manikeístas makulam mentes

medida medieval (7x)

makiavélicos moralizam

madonas madalenas

maskulinos movimentam

mercadorias

máskulos movimentam meretrício

meretrizes (7x)

mandazes melindram melanina

monstruosamente mostram

muque murro (7x) mucamas

mulatas murcham

mercenários mal pagam (7x)

marceneiras

minuciosamente midia ministra

massakre

manobram modos mekânicos

maninotas makiadas

menstruação (7x) menosprezada

menopausa (7x) menos-valia

misóginos miram

minar mirram

minas minguam

marmanjos martirizam

meninas medrosas

moças monitoradas mordazmente

mutiladas

maridos (7x) malfeitores

molesstam

manés maceram

meketrefes metem marra

mana (7x) manas marejando

mas movidas makinam

modifikações

maná

maré (7x)

maritmo

mátria m’África

máximo mulherismo mulherio

Marias magia macumba

mandinga (7x)

mistura mistério

mística misandria

manifestações

marcha marcial

machados machadas

metrancas metralham (7x)

machistas machões

mortos morticídio

por FORMIGA

Valeu

Valeu us fanzine punk
Valeu us panfleto feminista
Valeu movimenta anarkApunk
Valeu ação direta antimachista
Valeu as festa ke virava a madrugada
Valeu kem me desviou du kaminho errado
Valeu u amor ke me firmou na kaminhada
Valeu kem me ajudou a segurar u fardo
Valeu as bruxas pelo ritual de união
Valeu as gatas ke akeceu meu koração
Valeu as rezas as kantiga e as oração
Valeu as revolta sapatão
Valeu romper a moral cristã
Valeu em meio as lágrimas ter enkontrado as irmã
Valeu todos us anos no divã
Valeu a buska por uma kor-pa sã
Valeu as poesia no sarau
Valeu ouvir u som du atabake
Valeu u toke du berimbau
Valeu as rima de atake
Valeu a luta por liberdade
Valeu u reenkontro kom a ancestralidade
Valeu u sonho da igualdade
Valeu a resistência na kor-p-oralidade
Valeu Besouro
Valeu todas as roda
Valeu teus olhos brilho di ouro
Valeu ser kem inkomoda

 

por FORMIGA

 

Pelo 28 de setembro

” A kriminalização do aborto não salva fetos a kriminalização du aborto mata mulheres” (7x)

Estado dekreta seu destino
ação direta aborto klandestino
kem viu viu
desobediência civil
gerando mortes prematura
das mina ke leva vida dura
é um plano dos racista
eliminar de suas vista
kem eskurece a cidade
mulheres negras base da sociedade
é óbvio
magnatas du merkado ilegal são seus sócios
venda de citotek komandam us negócios
milhões de mana
ke não tem grana
pra abortar
em klínika partikular
kuando não são levadas a óbito
muitas vezes sobrevivem kom sekuelas
mudando pra sempre a vida delas
é kente tio
tipo kem fikou infértil
gente da minha gente
sente essas dores
desgraçados konservadores
disfarçam teokracia em demokracia
legisladores da misoginia
kontrolando milhões de vidas
não akredite nessa hipokrisia
de decidir legalizar
o aborto no Brasil via plebicito popular
ouviu? Onde já se viu
o senso komum apoiar
o ke a podre igreja domorou 514 pra konsolidar?
É um absurdo eu sei
u projeto de lei
estatuto do nascituro
apelidado bolsa estupro
garante ao violador do feminino korpo
ke deveria estar morto
o status de pai ao ivés de ser destruído o machista odioso
415 é o número da portaria
ke kaberia
garantir ke todas as mulheres em teoria
ke abortem de modo legal ou ilegal
fossem tratadas komo igual
no hospital do SUS soi revogada
parece piada sem graça
mas é retrocesso
pressão da bankada fundamentalista kontra esse históriko processo
de luta feminista
Igreja patriarkal branka eurocêntrika ocidental
kontamina almas kom a moral
cristã
se liga minha irmã
se o útero é da mulher
ela tira todos os fetos ke kiser
por kontrole de natalidade
kontra o banzo ou por não kerer ver sua kria passando necessidade
Aliáis denunciando dominações patriarkais
ocidentais e koloniais
a maternidade kompulsória
é fruto da heterossexualidade obrigatória
e o aborto é konsciente ou inkonsciente
retomada do próprio korpo
Nossas mentes estão cheias de kulpas katólikas
finkadas por kruz e espada diabólikas
não existe inferno ou céu
dogmas levam somente ao banko dos réus
passível de reklusão
dentro do sitema prisonal
então
lutar pela legalização do aborto é solução
institucional
exigir o aborto na saúde públika
é kontinuar as súplikas
pra kem
sobre nossos korpos detém
o poder
mas não vamos nos render
tenho um ideal
trasformação radikal
desse legado kolonial
igualdade racial e social
anti kapitalismo anti kárcere anti poder
kontra facínoras ke kerem nos deter
o Estado destruiremos
sabedorias resgataresmos
de nossas avós
vai vendo ó
filosofia yorubá
a mais graciosa das iabás
grandeza inkomum
oraiêiê Oxum
seu
dominio é rikeza fertilidade beleza meu
assim ki é
suas filhas são herdeiras de seu axé
então
se precisarem abortar tem ke pedir permissão
pra mamãe das águas doces antes de kumprir a missão
fora essa situação
em nossa kultura de resistência negra não existe kondenação
não não vim da kostela de Adão
nem Marias nem Evas
nossas ancestrais são pretas velhas
ke guardam o segredo de rituais
konheciam o poder das ervas
a mesma ke kura também mata
no fundo das matas
mulher indígena dá a luz e também tira
então ke komeçe a ira
preservando nossas raízes
nem papas nem juízes
não vão mais governar
ventres e mentes a se rebelar

 

por FORMIGA

Reedukação é a Chave

Faz parte da missão
denunciar a opressão
semente patriarkal
brotando destruição do nosso ideal
akorda menina
isso é rivalidade feminina
vou repetir a mesma ladainha
erva daninha
redução de danos
tá nos meus planos
o privilégio ke faz kalar
as manas ke se sentiram intimidar
ora é uma porra ora é risível
kem tem menos é mais invisível
intelecto ki zomba
não não num é kizomba
antes fosse
se tornou amargo um doce
as mágoas vem pra fora
em forma
de lágrima
e fúria
rajadas de injúria
sabedoria é prátika da utopia
cheia de palavra e ação vazia
não adianta mudar de país
não adianta se eskonder
se a raiz
du problema tá em você
sangue ferve
kabeça verve
vontade de sumir
vontade de morrer
mas tenho ke assumir
mas tenho ke korrer
por mim
pelas irmã
é assim assim ke é
agente é u clã
kem pode mais
tem ke socializar kom as demais
ke não tiveram acesso
du kontrário é retrocesso
ouça
reparação histórika
as preta não vai lavar sua louça
lembra kem teve vivência diaspórika
as pobre vai falar mais
dos seus sonhos e ideiais
não vem pregar teoria
komo se fosse uma bíblia
nem todo mundo sabe ler inglês
mal falamos u português
mudar u modo de falar
pra di verdade somar
reedukação é a chave
ke abre essas grade
apoya mutua e sororidade
tem ke fazer parte
do nosso kotidiano
todo dia um pouko pratikando
a revolução
entendeu sapatão
se for mesmo das nossas
guerreira
naõ vira as kostas
mana verdadeira
tem ke olhar pra trás
e ver u legado dus ancestrais
uma tátika
de preservação
da nossa koletividade sapatão
na Áfrika
kuando uma pessoa
dá mankada
na boa
ela é levada
na aldeia pro centro
pra olhar pra dentro
de si
e ai
toda komunidade
sem maldade
meu
lembra du brilho
ke ela emitiu kuando nasceu
pra kaminhar nu trilho
lição de vida
das antiga
já reparou
ke na tv em programa de humor
preta, pobre, nordestina
homem, mulher e menina
é motivo de piada
minha gente sendo ridikularizada
orra
essa zorra
põe ator embrankecido de black face
rindo do amargor
da vida du povo excluído
vai vendo a cena
kuando eu era pekena
meu tio falava
mal de baiano
desprezava
todo ke vinha desse kanto
makacheira, farinha rapadura
e todos nordestino
ke leva vida dura
por ironia du destino
pra você vê
meu tio é descendente da terra du dendê
aki em São Paulo
prekonceito kontra nortista é mato
skinhead desgraçado
esse nazi anda armado
de faka, soko inglês, tako de beiseboll, butterfly
e noiz vai
delatar
as atrocidade
ke us pilantra aprontar
esteriótopo da komédia
pra distrair a klasse média
e oprimir u povão
num dá mais não
geraçaõ de lukro pros negócios
dos patriarkas, xenofóbikos
racistas e elitistas
são prátikas facistas
de kontrole kapitalista
minha função é kontra kultura
ritmo e literatura
preservar a memória
rekontar a história
du meu povo milenar
Ikamiabas, Amazonas e Yás
kombater us atake
na rima nu atabake
aprender kom um gunga
no kompasso da zabumba
bumba bumba bumba meu boi
marakatu num foi
fikou na veia
us bombo incendeia
a pisadadu kôko
é frenétiko é loko
minha kara
samba reggae uma arma
markou u koração
faço a oração
a labrys é meu patuá
pras maldade nõa me pegá
indigená é radikal
afro punk antikapital
foi u tambor foi u tambor
foi u tambor
ke chamou
meu amor

 

 por FORMIGA

Mapa Astral/Sonho Real

Perfeição

pra ela são

as koisas mais

simples da vida

além do mais

minha kerida

é vingativa kontra u patriarkado

faz estrago

até fazendo piada

minha amada

amante libertária

tátika revolucionária

kompanheira se ama

não só na kama

ontem eu sonhei

ke um beijo te dei

meu koração anunciou

olha lá a pretinha

kabelo trança nagô

violão celo nas kosta

ela tinha

orgulho das antiga amostra

na pele presente

mesmo do meu leito ausente

meu peito fika kontente

kuando te vê

e revê

Áfrika em você

 

por FORMIGA

Samba di Mulher

Na roda samba uma mulher negra. Ah komo tem malemolência! Seus vestido é pra demonstrar respeito a ancestralidade. Kantando, dançando, batendo palmas, a mulher negra está de vestido branko. É uma mulher negra komo todas, mas seu olhar tem um brilho inkomum, no peito koleciona amores e na kabeça guarda segredos. Se konecta as antepassados nos passos da dança em sintonia kom u tambor. A eskravidão fikou no passado, agora vemos racismo institucional, violência doméstika e subemprego. Porém faz do seu tempo de deskanço um tempo pra kuidar das raízes. U kantador reverencia tua beleza… eu tenho vontade de sambar kom ela, só ke no samba chula mulher kom mulher não pode kebra a tradição, então eu tenho ke fikar na minha. Ela tá de branko porke hoje é sexta-feira dia de Oxalá. E eu tô de preto porke preta é minha bandeira. E ela roda a roda seu olhar por um segundo acendeu meu korpo todo. E ai eu pego u pandeiro me ligo no seu remelexo e e ela se kurva pra u atabake. Ela no centro é uma deusa, uma rainha, dama ke karrega patuá a mandinga num vai te pegar. Faceira me lança um olhar ke enfeitiça, respondo u koro: “flor di laranja pro meu benzinho cheirar”, me fascina me hipnotiza de baixo da tua saia tem um imã

por FORMIGA

 

Machistas Autoritários

Machista autoritários não te daremos paz
as mulheres pobres não aceitam mais
todas sabem pois elas sentem
a violência kontra mulheres karente ke se tem
E eles vem
kom toda autoridade do machismo subalterno
e de repene a nossa kasa e rua rua se tranformam num governo paterno
protestar por respeito é fora da norma
noiz somos as manas ele os patriarkas do sistema
Já ke é assim lutaremos por liberdade e mais

Machistas autoritários sei ke sou kapaz
Machistas autoritários sei ke sou kapaz
Machistas autoritários sei ke sou kapaz
Machistas autoritários sei ke sou kapaz

Patriarkado
em nome do estado seus privilégios são dados
A percepção ke agente tem é reduzida mas eu sei
ke u rei
é sexista kom as oprimidas
tornam vítimas mulheres ke propriedades não tem
E já é tão naturalizado ke é prátiko dizer
ki eles são kem manda e kem obedece é você
Da misoginia kapitalista é a kulpa
kom agente o governo não se preokupa
Por todos us relatos não tem mais deskulpa
As violências são brutais
os homens dominam kada vez mais
São fatos na tv e fotos nos jornais
Pois mulher pobre, afrodescendente
de muitas maldade foi sobrevivente
a história está na pele presente
invizibilizada por discriminações
raciais, sociais e sexuais
Então eu repito mais e mais
esteja na autodefesa konstante
ou machukaram o teu korpo
seguiram adiante e num kanto eskuro kualker serão lágrimas a mais

Machistas autoritários eu não konfio mais
Machistas autoritários eu não konfio mais
Machistas autoritários eu não konfio mais
Machistas autoritários eu não konfio mais

A alieação histórika se repete
em nome de um sistema fáliko
kom grilhões na mente
somos manipuladas
e há muitos sékulos tem sido assim
nos impõe a submissão
ai di mim obviamente estão komandado
kom kasamento e ciúmes nos kondicinando
Os patriarkas racistas, eu asseguro, estão arkitetando
o kotidiando genocídio femicída
Mana
o patriarkado é sexista cruel
pelos menos algumas noivas estão rasgando seus véus
E os sociólogos imparciais
preferem ser liberais
dizem ke é a falta de dinheiro nosso dilemas
mas se observarmos bem mais você deskobre
ke mulher e homem pobre se parecem
mas eles não tratam elas komo iguais
Meninas vão crescendo
kom imposições de feminilidade karcerária
se subdesenvolvendo sem a autonomia necessária
são filhas de mães sofridas
por essa mesma razão
reproduzem o padrão patriarkal a riska
Então
isso é um abuso
são mulheres assim ke se ferram muito
E no dia a dia vivem akorrentada em mental klausura
e sofrem agressões humilhações pauras

Porém versarei pra defender vocês
Irmãs
nossas razões pra protestar ainda são as mesmas
a misoginia nos atrapalha di mais
somos sobreviventes também temos nossos ideais

Machistas autoritários eu não konfio mais
Machistas autoritários eu não konfio mais
Machistas autoritários eu não konfio mais
Machistas autoritários eu não konfio mais

Os patriarkas são kovardes koloniais
espankam negras em suas kasas por motivos ditatoriais
E nossas ancestrais
Por liberdade guerrearam
morreram se suicidaram
E hoje noiz kremos
ke seu konforto é minha voz silenciada
percebemos ke somos noiz as prejudikadas
presta atenção na nossa própria situação
pois eles veikulam na televisão ódio a nossa biológika
kondição
Mana a minha é a mesma ke a sua
glândulas, mamárias ovários e menstruação
será ke eles projetam em nós uma um sako de pankada padrão?
Alguns anos agora se kompletam
da lei Maria da Penha na konstituição
bem artikulada na teoria
mas não protegem mulheres no dia a dia
Então foda-se o estado kom sua falokracia
no Brasil papel de gênero é efikaz
te dão um beijo no rosto e te estupram por traz

Nossas razões pra se revoltar ainda são as mesmas
as violências machistas são banais
Mas sou lésbika feminista tenho meus ideias
Machistas autoritários sei ke sou kapaz
Machistas autoritários sei ke sou kapaz
Machistas autoritários sei ke sou kapaz
Machistas autoritários sei ke sou kapaz

 por FORMIGA

 

(sem título)

kuando eu tô assim afim de uma mina é ke eu percebo a parte boa de ser lésbika
é o tesão a afetividade o karinho a reciprocidade a konvivência
no kotidiano é só kombate a lesbofobia misoginia elitismo racismo e racismo internalizado
o ke vc sente é uma força revolucionária
de voltar seu desejo pra mulheres porke
o patriarkado nunka ia kerer isso ai
eles programaram agente pra se odiar
komo mulher komo pobre komo pessoa miscigenada
então o ke vc sente é a “matriarka negra”
ki tá dentro de vc
ke fala pra vc resistir guerreira
us sentimento bom ki faz agente kerer ta viva
pra mim isso é Áfrika
isso são as Yas
isso é Ikamiaba
isso é Amazona
kero mais é ki vc sinta isso mesmo
amor é koisa de irmã
tomara ke a mamãe Oxum te traga uma preta de responsa
pra tomar konta do seu koração
o outra pra me fazer karinho de noite
e as duas tá linha di frente
kum noiz
beija até mais
por FORMIGA

Karta pra lésbika de kor

Salve mana!

Tua escrita é um registro de saberes antigo do nosso povo, ke delatam sékulos e sékulos de invasão, kolonização, genocídio, sekuestro, eskravidão, miscigenação  (falo de miscigenação komo violência racial por estrupro kontra mulheres indígenas e afrikanas ter tido o aval da Igreja Katólika no komeço da kolonização na Amérika portuguesa e o plano de brankeamento da população negra arkitetato por racistas brasileiros no sékulo XIX ke trouxe migração europeia pra o país), falsa abolição… Saberes de resistência ancestral nos ajuda a kontinuar akreditando ke o amanhã será melhor porke ontem muita gente morreu pra ke agente sobrevivesse. Nossas mães, nossas avós, bisavós e tataravós ke traziam nas peles pretas e vermelhas os dokumentos de nossa história de luta não podemos deixar isso passar em branko! Sapatão precisa dessa referência ke usa o negro da tinta pra manchar o papel branko kom letras ancestrais. Porke na moral pra saber kem agente é é preciso olhar pro passado. Komo ke agente pode gostar de uma mulher se agente não souber ke lésbika existe? Toda vez ke você sai na rua mostrando a kara ajuda uma lésbika a resistir, tipo igual e eskrita lésbika de kor. Se a família, a alma, a terra, nossa kultura milenar foi negada a noiz, a eskrita então piorou tá na mão dos patriarkas brankos e heteros. Nossas letras ancestrais são orais e agora agente vai tomar de assalto o papel e a kaneta pra história ser kontada pela nossa visão. Pra gente garantir ke as nossas no futuro konhecimento di kem agente é e não no ke o kolonizador ker ke agente seja, entende. Lésbika e ancestralidade: lembro do itãn de Oxum e Iansãn. Tem também as ikamiabas guerreiras indígenas ke viviam numa tribo só de mulheres. Solidão da lésbika negra é embaçado. Tá relacionado kom racismo profundamente. Ao passo ke sobre a lésbika negra rola o fetiche kausado pela hiperssexualização da mulher negra, akontece também o abandono por uma lésbika branka ke não ker apresentar uma lésbika negra pra sua família. Essa solidão tem um impacto profundo nas nossas subjetividades e nas prátikas afetivas, talvez dai vem um jeito de amar esfomeado, desesperado, karente já ke esse amor é tão raro ou até mesmo a depressão e o isolamento. Mas por outro lado o amor romântiko é uma konstrução social utilizada pra o kontrole feminino. A maioria das nossa estão sobrevivendo em favelas e periferias trampando em subempregos tipo telemarketing. São poukas ke tem um estudo em uma universidade. Tem mana ke pela fome ou pela ilusão de ostentação ke o konsumo dá mete us kano na kara dos playboy, tem umas ke trafika e outras ke rodou e tão tirando uns dia. A inklusão na sociedade através do ter nunka vai sei efetiva. É logiko ke agente precisa de um konforto material, mas o kapitalismo é hierárkiko tá ligada. Pra existir privilégio tem ke existir kem não tem privilégio: o povão. O padrão e o patrão é branko, se você ligar a tv vai ver ke o poder kultural, polítiko, intelectual, financeiro, científiko é da elite branka. Então a pobreza e a miséria tem kor e parece kom agente. A únika solução ke eu vejo é a revolução! Uma transformação ke depende de kada uma. É  a revolução do kotidiano ke eu tô falando, reedukação, kritika e rompimento kom padrões de kontrole desta sociedade onde o homem branko riko e hetero é o o modelo. O ke mais parece kom esse padrão tem mais acesso ao sistema. Totalmente ao kontrário da gente. Vamo lá mana agente não tem nada a perder só a ganhar, ganhar a liberdade! Se você ker uma revolução komece em você mesma. Uma vez uma parceira me falou ke os revolucionários se importava kom o ser. Pra mim ser é ouvir os próprio desejos e kompartilhar o ke tem de bom. É fazer o ke tem vontade. Tipo sapatão sabe?! Sentir vontade de ganhar um karinho dakela mana e chegar nela mesmo tendo medo de tomar uma bota. Ação direta meu é entender a realidade e fazer alguma koisa pra mudar. Ser ao kontrário do ke o padrão manda é bater di frente kom o sistema é se rebelar, por isso ke sapatão é uma potência revolucionária. Já reparou ke o certo nessa sociedade e mulher kom homem? Agente por instinto, escolha ou decepção ker fikar só kom mulher. Muitas já nem se chamam mais de mulher se denominam sapatão, lésbika, entendida, fancha, kaminhoreira, lesbiana, butch. A minha função na derrubada do patriarkado é a lesbianidade. Lesbianidade pra mim é ganhar um karinho di noite de uma kompaheira, ter alguém pra dividir a vida. Lesbianidade também é auto kuidado, autokonhecimento, amor próprio. É kuidar das raízes, é respeitar ke kuando o berimbau toka tá mantendo viva a história de nosso povo: lembrando as dores, nos mostrando os perigos do kaminho, nos ensinando a respeitar as mais velhas e as mais novas e a celebrar a vida, celebrar a vida lésbika é lesbianidade. Falo da kapoeira porke kapoeira é igual a vida ke é loka: uma hora agente se eskiva de um pé nervoso, outra agente ataka, outra agente binka, outra agente luta, outra agente engana, outra agente tenta não deixar se enganar pedindo sempre a proteção da deusa a labrys é meu patuá. Porke lésbika de kor lésbika negra agente vive no korpo. E é tembém ser fechada kom as irmã,  bolar e exekutar os planos antipatriarkado, é ser guerreira e defender a koletividade. Mana lembra sempre de onde você vem pra tá ciente do seu valor de kem você é. E ai então vamo fazer valer a pena pra não mais sobreviver mas pra super viver. Espero ke essas palavra te fortaleça mais ainda.

Valeu

por FORMIGA